Parlamentares acusam colega de quebra de decoro, mas deputado do PP diz que, na verdade, é contra o kit gay
BETO BARATA / AE
Jair Bolsonaro (PP): 'Dilma Rousseff, pare de mentir. Se gosta de homossexual, assume'
O
deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) criou nova polêmica na Câmara dos
Deputados nesta quinta-feira (24) ao questionar a sexualidade da
presidente Dilma Rousseff em discurso no plenário. O parlamentar
destacou que, em audiência na Câmara na quarta-feira, representantes do
Ministério da Educação teriam discutido a inclusão do combate à
homofobia nos currículos escolares. Bolsonaro lembrou que a presidente
Dilma tinha ordenado a não distribuição nas escolas de material
relativo ao combate à homofobia, chamado de kit gay pelo deputado do PP
e outros parlamentares evangélicos.
"O kit gay não foi sepultado ainda. Dilma Rousseff, pare de mentir. Se
gosta de homossexual, assume. Se o teu negócio é amor com homossexual,
assuma. Mas não deixe que essa covardia entre nas escolas de 1º grau",
afirmou Bolsonaro. O pronunciamento de Bolsonaro foi retirado das notas
taquigráficas pelo deputado Domingos Dutra (PT-MA), que ocupava a
presidência da sessão, a pedido do deputado Marcon (PT-RS). Caberá
agora ao presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), decidir se o
pronunciamento ficará registrado nos documentos da Casa.
Em conversa por telefone com a reportagem, Bolsonaro afirmou que não
era sua intenção questionar a sexualidade da presidente da República.
"Não me interessa a opção sexual dela, eu só não quero que esse
material vá para a escola". Ele afirmou que estava falando do amor de
Dilma com a "causa homossexual". Chegou a comemorar e disse que a
polêmica criada em cima da declaração era positiva. "Uma frase
equivocada está ajudando a levantar o mérito da discussão".
O deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ) criticou o colega ainda pela manhã,
durante a sessão. Afirmou que as declarações de Bolsonaro podem
significar quebra de decoro parlamentar. A vice-presidente do Senado,
Marta Suplicy (PT-SP), pediu que o presidente da Câmara, Marco Maia
(PT-RS), tome "providências enérgicas" em relação a Bolsonaro. Marta
afirmou que Bolsonaro está "sem freio de arrumação" e foi além dos
limites do decoro parlamentar em seu pronunciamento, faltando com o
respeito à presidente da República.
O discurso do deputado do PP teve ainda questionamentos ao ministro da
Educação, Fernando Haddad, pré-candidato do PT à Prefeitura de São
Paulo. "Povo paulistano, será que o Haddad como prefeito vai colocar
uma cadeira de homossexualismo no primeiro grau?", perguntou Bolsonaro.
Mais tarde, o parlamentar voltou à tribuna da Câmara. Dessa vez, foi
menos incisivo contra a presidente e sugeriu que ela possa estar sendo
enganada por Haddad e pela ministra Maria do Rosário (Direito Humanos)
na discussão sobre o combate à homofobia nas escolas
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