sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

VEREADOR GÊRA ORNELAS RENUNCIA AO MANDATO



Investigado pelo Ministério Público e pressionado no Legislativo, Gêra Ornela evita cassação


Reprodução
Gêra Ornelas
Vereador escolhe o melhor ângulo para ser gravado de cueca na Câmara
Sem
a retaguarda do partido e enfrentando um processo de cassação de
mandato, o vereador Gêra Ornelas (sem partido) apresentou, nesta
quinta-feira (1º), carta de renúncia ao mandato na Câmara Municipal de
Belo Horizonte. Ele abriu mão do cargo depois que o Hoje em Dia, na
edição de 16 de outubro, publicou com exclusividade imagens com o
parlamentar vestido apenas de cueca samba-canção em seu gabinete e
acariciando uma jovem.


É a primeira vez em toda a história do Legislativo da capital que um
parlamentar renuncia ao cargo para escapar de um processo de cassação
por quebra de decoro. Quem deve assumir a sua vaga é o suplente Fábio
Caldeira (PSB), ligado ao ex-ministro e atual presidente estadual da
legenda em Minas, Walfrido dos Mares Guia, um dos réus no processo do
mensalão tucano.

A decisão gerou um clima tenso na Câmara Municipal. Vereadores se
mostraram chateados com a situação. O anúncio foi feito pelo presidente
da Casa, vereador Léo Burguês (PSDB). Gêra não esteve no local. “Foi
uma decisão unilateral que cabe ao presidente apenas respeitar. Durante
o processo, respeitamos os prazos e a comissão seria criada, mas ele
resolveu abandonar previamente a carreira política”, afirmou o tucano.
Com a decisão de renunciar, a comissão processante que seria criada foi
arquivada.

Apesar de estar de saída da Casa, Gêra Ornelas vai deixar rastros.
Isto porque ele fez um acordo para manter empregados alguns dos
funcionários de seu gabinete. Eles serão lotados em outros locais.

Investigado pelo Ministério Público Estadual (MP) por extorquir
parte dos salários dos servidores de seu gabinete, o vereador, com a
decisão anunciada pelo presidente da Casa, Léo Burguês (PSDB), tenta
manter seus direitos políticos. Em 2000, Gêra havia enfrentado outro
processo pelo crime de extorsão, envolvendo outro funcionário do
gabinete. Agora, como está sem partido, caso não sofra nenhuma sanção
da Justiça, poderá voltar a disputar um cargo eletivo em 2014.

No entanto, Gêra afirma que, com a renúncia, não pretende mais
voltar à política. A decisão do vereador foi tomada justamente na
sessão em que seria votada no plenário a criação de uma Comissão
Processante, escalada para dar prosseguimento ao processo de cassação
do vereador. Com a renúncia, a sessão foi encerrada. Em função das
denúncias, a cassação de Gêra era questão de tempo. Afinal, o
corregedor da Câmara já havia pedido a medida, em relatório apresentado
ao Legislativo na última segunda-feira, por quebra de decoro
parlamentar.


Em seu relatório, o vereador Edinho Ribeiro, o ‘Edinho do Açougue’
(PTdoB), afirma que a repercussão do caso teria provocado “prejuízos à
instituição e a seus pares”. O relator teve 40 dias de prazo para
analisar as denúncias e apresentar seu parecer. Em sua defesa ao
relator, Gêra negou que estivesse de cueca e, sim, de bermuda usada
para caminhada aos finais de semana.

Sobre as imagens, o vereador alegou que instalou uma câmera, em um
final de semana, em seu gabinete, porque estaria desconfiando de alguns
de seus funcionários. A intenção era surpreender a pessoa que,
supostamente, estaria furtando documentos. Segundo ele, as filmagens
foram feitas em 1997.

Outro fator que contribuiu para a renúncia foi a falta de apoio de seu ex-partido, o PSB. A legenda abriu um processo de cassação do registro político. Porém, antes do resultado da verificação, assim como fez na Câmara, o vereador pediu o cancelamento da filiação.

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