domingo, 18 de setembro de 2011

***** INVEJA *********

O primeiro passo para a resolução de qualquer sentimento negativo é a compreensão dele.

Para entendermos a inveja, temos de descobrir a estrutura básica que a antecede.

O mecanismo responsável pela inveja é a comparação.

A inveja é a vivência de um sentimento interior sob a forma de frustração, de tristeza, de mal-estar, de acanhamento, por nos sentirmos menores do que alguém, por nos sentirmos menos do que o outro, por não possuirmos o que o outro possui, por não sermos o que o outro é.

É o desequilíbrio íntimo, oriundo de um sentimento de inferioridade, fruto da comparação que fazemos entre nós e o outro em algum aspecto específico: ou nas posses materiais, na casa, no carro, na roupa, no dinheiro ou nas qualidades psicológicas, morrais, físicas, sociais ou espirituais.

E como a inveja é um desequilíbrio entre nós e os outros num processo comparativo, desde cedo nos foram ensinados alguns mecanismos de defesa para este desequilíbrio.

Um dos mecanismos mais comuns é aquele em que, ao nos sentirmos menores do que os outros, nos aumentamos, nos vangloriamos, nos enaltecemos para evitar o mal-estar do desequilíbrio.

Falamos excessivamente bem das nossas próprias coisas e, ao mesmo tempo, procuramos diminuir o outro através de críticas.

Quando criticamos alguém, quando diminuímos alguém, quando ofendemos alguém, quando temos necessidade de falar mal de alguém, provavelmente estamos nos sentindo inferiores a ele.

A inveja é a incapacidade de ver a luz das outras pessoas, a alegria, o brilho, a luminosidade de alguém, seja em que aspecto for.

A inveja é o sentimento daqueles que não encontraram respostas para a diversidade do mundo e das pessoas.

E essa incapacidade de aceitar que as coisas e as pessoas sejam diferentes é uma rejeição da sua própria pessoa como sendo diferente das demais.

A inveja é a auto-aversão por não sermos como os outros são.

O que há de negativo na inveja é esta auto-rejeição em algum aspecto.

Por outro lado, a nossa sociedade é baseada na comparação, a nossa cultura é uma cultura da comparação.

Como tudo é relativo, como tudo está em relação, pérdemos a capacidade de ver as coisas em si mesmas e só conseguimos entender as pessoas e as coisas em comparação umas com as outras.

A sociedade em que vivemos é baseada na comparação, na competição e, portanto, na inveja.

E como trabalhar o sentimento da inveja ???

Se a inveja é fruto da comparação, é nesse ponto que devemos centrar nossa atenção.

Um exercício prático é o desenvolvimento sistemático da auto-comparação, a comparação conosco.

Sabemos sempre muito bem quanto ganham os nossos vizinhos, os nossos amigos, os nossos parentes, mas jamais fizemos uma análise do índice do nosso crescimento nos últimos anos.

Estamos hoje piores ou melhores que éramos ontem ???

Em termos sociais, psicológicos, financeiros, espirituais, estamos melhores ou piores do que estávamos há algum tempo ???

Há uma grande diferença entre a comparação com os outros e a comparação com nós mesmos.

Na auto-comparação, fortalecemos o nosso eu, o nosso centro, o nosso ponto de equilíbrio.

Passamos a nos dirigir de dentro, em função do que realmente somos e não em função do que os outros esperam de nós.

Não se resolve a inveja, o ressentimento, torcendo pela queda do outro porque negar as próprias limitações com as limitações dos outros não dá vida a ninguém.

A auto-comparação leva-nos a um fortalecimento interior.

Fortalecemos a nossa identidade, reencontramos a nós mesmos, passamos a ser o nosso próprio ponto de apoio.

Cada pessoa tem o seu ritmo, o seu jeito, o seu caminho, o seu próprio nível.

Não estamos no mundo para sermos mais do que alguém, mas apenas para realizar o nosso próprio potencial, para sermos cada vez mais, cada vez melhores.

No fundo de cada sentimento de inveja, existe o sentimento de admiração, mas esse só pode desabrochar quando estamos muito centrados no nosso próprio tamanho.

O invejoso quando vê alguém a quem deveria admirar, tende a diminuir essa pessoa.

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