Relatório
da Organização Internacional do Trabalho (OIT) confirma a distribuição
de renda no Brasil provocada pela política de valorização do salário
mínimo. Muito mais do que qualquer outro programa social, é o salário
mínimo que atinge um maior número de trabalhadores, aposentados e
pensionistas, fortalecendo a renda familiar e elevando as famílias para
novo patamar econômico, a chamada nova classe média.
A força do piso é sentida com mais intensidade no interior do país,
onde reinam os aposentados. São eles que movimentam a economia na
primeira quinzena, período no qual as cadernetas são quitadas e novas
feiras mensais são realizadas, renovando o ciclo.
Entre 2003 e 2010, o salário mínimo aumentou, em média, 5,8% ao ano,
com avanço real acumulado de quase 60%, de acordo com o documento da
OIT. No mesmo período, o PIB variou, em média, 4% ao ano. O resultado
foi um crescimento do salário mínimo acima do PIB, o que multiplicou os
efeitos redistributivos da renda, contribuindo para a redução dos
níveis de pobreza.
Em 2012, com o aumento do salário mínimo de R$ 545 para R$ 622, essa
alta expressiva vai ajudar ainda o crescimento do país para pelo menos
4% do PIB, conforme estimativa do Ministério da Fazenda. Aliado ao novo
piso, vai contribuir para o crescimento os cortes na taxa básica de
juros Selic promovidos pelo Banco Central no segundo semestre de 2011,
política que deve ter continuidade nos próximos meses.
O que sustenta este poder de compra do piso é a inflação sob controle.
O país vem passando por um longo período de estabilidade, desde o
lançamento do Plano Real no governo Itamar Franco. Essa base foi se
fortalecendo a modo a proporcionar, nos anos seguintes, que o piso
salarial fosse recebendo ganhos reais cada vez maiores. Até que se
chegou a uma política oficial de reajuste do salário, agora fixada em
lei. Todos sabem o que vai acontecer nos próximos anos: aumento pelo
INPC do ano, acrescido do PIB do exercício anterior. Essa confiança é
boa para os negócios.
Tudo favorece o crescimento do mercado interno, que é o fator decisivo
que vem fazendo a diferença nessa época de crise financeira
internacional. O maior perigo é a volta da inflação. No ano passado,
ela bateu no teto da meta, chegando aos 6,50% medidos pelo Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA. As autoridades estão
falando em uma redução para 5% em 2012.
Com mais dinheiro em circulação, o mínimo vai, ao mesmo tempo,
pressionar os índices e manter os empregos no mercado interno. O
aumento de 14% do piso vai injetar R$ 47 bilhões na economia
brasileira, segundo projeção do Departamento Intersindical de
Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Os micro e pequenos
negócios devem ser diretamente beneficiados. Estima-se que 48 milhões
de pessoas têm sua renda vinculada ao valor do salário mínimo. Os R$ 77
a mais do piso de R$ 622 devem ir direto para o consumo.
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