segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

A FORÇA DO REAL SALÁRIO MÍNIMO BRASILEIRO.



Relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) confirma a distribuição de renda no Brasil provocada pela política de valorização do salário mínimo. Muito mais do que qualquer outro programa social, é o salário mínimo que atinge um maior número de trabalhadores, aposentados e pensionistas, fortalecendo a renda familiar e elevando as famílias para novo patamar econômico, a chamada nova classe média. A força do piso é sentida com mais intensidade no interior do país, onde reinam os aposentados. São eles que movimentam a economia na primeira quinzena, período no qual as cadernetas são quitadas e novas feiras mensais são realizadas, renovando o ciclo. Entre 2003 e 2010, o salário mínimo aumentou, em média, 5,8% ao ano, com avanço real acumulado de quase 60%, de acordo com o documento da OIT. No mesmo período, o PIB variou, em média, 4% ao ano. O resultado foi um crescimento do salário mínimo acima do PIB, o que multiplicou os efeitos redistributivos da renda, contribuindo para a redução dos níveis de pobreza. Em 2012, com o aumento do salário mínimo de R$ 545 para R$ 622, essa alta expressiva vai ajudar ainda o crescimento do país para pelo menos 4% do PIB, conforme estimativa do Ministério da Fazenda. Aliado ao novo piso, vai contribuir para o crescimento os cortes na taxa básica de juros Selic promovidos pelo Banco Central no segundo semestre de 2011, política que deve ter continuidade nos próximos meses. O que sustenta este poder de compra do piso é a inflação sob controle. O país vem passando por um longo período de estabilidade, desde o lançamento do Plano Real no governo Itamar Franco. Essa base foi se fortalecendo a modo a proporcionar, nos anos seguintes, que o piso salarial fosse recebendo ganhos reais cada vez maiores. Até que se chegou a uma política oficial de reajuste do salário, agora fixada em lei. Todos sabem o que vai acontecer nos próximos anos: aumento pelo INPC do ano, acrescido do PIB do exercício anterior. Essa confiança é boa para os negócios. Tudo favorece o crescimento do mercado interno, que é o fator decisivo que vem fazendo a diferença nessa época de crise financeira internacional. O maior perigo é a volta da inflação. No ano passado, ela bateu no teto da meta, chegando aos 6,50% medidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA. As autoridades estão falando em uma redução para 5% em 2012. Com mais dinheiro em circulação, o mínimo vai, ao mesmo tempo, pressionar os índices e manter os empregos no mercado interno. O aumento de 14% do piso vai injetar R$ 47 bilhões na economia brasileira, segundo projeção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Os micro e pequenos negócios devem ser diretamente beneficiados. Estima-se que 48 milhões de pessoas têm sua renda vinculada ao valor do salário mínimo. Os R$ 77 a mais do piso de R$ 622 devem ir direto para o consumo.

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